quinta-feira, 29 de abril de 2010

Nosso lar em Byron Bay


Tem muita gente bem curiosa pra conhecer nossa casa em Byron Bay, então resolvi tirar umas fotinhos e explicar como viemos parar aqui. A casa é um pouco parecida com nossa casa em Sampa, e quem conseguiu ela pra gente foi a Anna, lá da BBELS, que é responsável por arranjar moradia para os entudantes pela módica quantia de 110,00 dólares australianos.



Quando chegamos em Byron ficamos hospedados no hostel da escola, e depois nos mudamos para um apartamento atrás da linha do trem, que já não passa mais em Byron. Tinha uma varandona, com vista para os trilhos, e pra mata, que faz parte do parque nacional de NSW.



Constantemente recebiamos a visita de pássaros, e outros animais não identificados. Ficamos lá por um mês, e depois mudamos para a casa da Deborah e da India, sua filha de 10 anos. Elas estão viajando... foram para a Inglaterra (a Debby é inglesa), visitar a família, e depois para a India, a grande paixão da Debby, que também adora cavalos e os índios da América do Norte.









Quando decidiu viajar, a Debby queria alugar sua casa, e quando nos conheceu, ficou feliz da vida : gostou da gente ! Ela não queria tirar nada do lugar, e disse que podiamos ler seus livros, ver seus filmes e ouvir seus cd’s... e ela é uma pessoa interessantíssima, com ótimos livros na estante (pelo menos uns dez sobre a India). Tem também uns cd’s bem legais, muitos antigos, mas imperdíveis. Meu preferido é do The Clash, que eu não paro de ouvir. A Beatriz está no quarto da India, com todos os seus brinquedos juntos, além da Body Board e do skate. Sem falar na banheira, que ela adora !



A casa tem um quintalzinho, onde todos os dias aparece uma família de perus para comer banana. Depois eles sobem no roof, e fazem a maior barulheira... sem falar nos pássaros, um mais lindo que o outro. Tem um deslumbrante, com a cabeça azul cintilante !


Fica perto da praia, e da pra ouvir o barulho do mar, principalmente antes de dormir.
É a quarta casa, de uma série de 5 casinhas iquais, como se fosse uma vila. Só pra manter a tradição, já fomos alvo de um vizinho bem louco, pirado mesmo, que até tirou a mola da porta, porque pra ele nós fazemos muito barulho. Mas pra compensar tem um outro muito legal, que é dono de uma tabacaria, e filho de libaneses.
Vamos sentir falta daqui... nosso lar em Byron Bay.

sábado, 24 de abril de 2010

Austrália cores e sabores



É difícil definer qual a culinária típica australiana, pois as influências são dispersas e a herança autôctone é muito exótica. Até a carne de kangoroo, que é barata e gostosa, não é valorizada pelo australiano. Mas isso nem de perto significa dizer que a comida aqui não é boa. Na verdade come-se de tudo, de todos os lugares possíveis do planeta. Já vi aqui restaurante coreano, japonês, vietnamita, yemenita, cambodjano, chinês (que são especializados segundo a região da China!), indiano, do Sri Lanka, hare-krishna, tailandês, grego, israelense, libanês, iraniano, francês ... Na verdade, na verdade mesmo o prato típico australiano é o take-away, que é diferente do delivery, já que toda essa infinidade de restaurantes costuma oferecer o cardápio em embalagens que o povo leva pra comer em todos os lugares possíveis. Afinal, com a oferta de paisagens que existe aqui, pra que se trancar em um restaurante?!

Mas é claro que há os campeões de audiência no take-away: a indefectível pizza, kebabs e o fish'n chips, herança da pátria-mãe, que é servido na versão tradicional de filé-de-peixe beer batered com fritas (francesas) ou em suas variações: lula, vieiras, carangueijo ou camarão. Ou tudo misturado. Gosto de comer fish'n chips nas peixarias (as que vendem peixe cru mesmo!), você escolhe o que quer, o moço frita na hora e você sai com seu take-away! O kebab vem na versão carneiro, vaca, frango ou vegetariano (falafel). Ou tudo misturado. Outro padrão do australiano: a falta de paladar, todos as misturas são aceitas. Aí tudo fica com o mesmo gosto, ou com gosto do tal molho barbeque que serve pra tudo, do café da manhã à sobremesa. Ou ketchup (que aqui eles chama de tomato sauce).


O típico café da manhã OZ, pros estômagos fortes, é um dos pontos altos da culinária aqui: duas fatias de bacon, duas linguiças, tomates e cogumelos grelhados, ovos mexidos e toasts. Com molho BBQ. E assim como nós páramos na padoca para média e o pão nosso na chapa de cada dia o australiano come esse banquete matinal por todos os lugares imagináveis, tanto que a maioria dos cafés e restaurantes serve desjejum australiano independente da orientação da sua cozinha, com algumas adaptações, claro: os hare-krishnas utilizam ovos free range, linguiças de glúten, pão orgânico e molho BBQ caseiro. Sabia que existem três categorias de ovos? Os cage eggs (galinhas presas e confinadas), os free range (regime semi-aberto, galinhas passeiam durante o dia e dormem no puleiro à noite) e os cage free (galinha feliz, que vive livre botando por aí...).

O consumo de alimentos orgânicos é uma tendência muito forte aqui. É impressionante a variedade que existe nos supermercados e a quantidade de lojas especializadas que só comercializam produtos orgânicos e "sustentáveis". Sinceramente eu não confio que uma uva-passa orgânica, industrializada, embalada e vendida em um grande supermercado justifique o ágio de 30% no preço. O alho orgânico é mirrado, seco e opaco. E custa o dobro. Sinceramente, acredito tanto em orgânicos quanto na existência do Chapeleiro Maluco.

Aqui em Byron Bay tem uma feira orgânica às quintas, com os produtores da região. Tem de tudo: legumes, frutas, café, carnes, tudo tão natural que um dia desses um sapo verdinho pulou de dentro da caixa do pimentão na minha frente. E claro, também tem comida de feira: deliciosos muffins com berries, chutneys e geléias, sanduíche com queijo de cabra, comida viva (grãos germinados), mas mesmo em meio aos naturebas o campeão é outra preferência nacional: linguiça no pão com cebola e... molho BBQ, tudo orgânico, claro! Os festivais de música têm comida para todos os gostos, do BBQ, passando por todas as vertentes asiáticas até o Hot Dogwood, uma salsicha empanada e frita que lembra o clássico ovo empanado de buteco.


Pensando bem... há um prato nacional aqui: é o barbecue, de linguiça de preferência. Mas as semelhanças com o Brasil acabam aí. Não espere ver churrascarias (no estilo brasileiro vi duas até agora, e de brasileiros: uma em Sydney e a outra em Carins e ambas fechadas na hora do almoço!), espetos ou mesmo carvão. O BBQ australiano é a gás, feito na chapa! Todo australiano que se preze tem em casa uma churrasqueira a gás, que existem em tamanhos variados e são até que baratas (o modelo top, super-luxo custa menos de AUD 500). Mas o melhor mesmo é fazer BBQ nas churrasqueiras públicas que existem em praticamente todos os lugares, e para isto a praticidade é o lema: no supermercado as carnes já vem cortadas no kit-BBQ, o pão de alho embalado em papel alumínio e até azeite extra-virgem em spray! Mas hoje vamos fazer um autêntico Brazilian BBQ, com churrasco no carvão, em Clarke's Beach, aguardem notícias no próximo post!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Vem cá mulher deixa de manha, minha cobra quer comer sua aranha!


Aqui na Australia as aranhas estão por todos os lados. Dentro de casa, fora de casa, no jardim e por onde você passar vai encontrar uma no seu caminho. Regra número um, nunca mate uma aranha ! Os australianos veneram suas aranhas. Uma amiga americana que comprou uma casa aqui contou que tinha uma aranha enorme na garagem da casa, e que o ex dono , quando estava mostrando a casa pra ela, pediu pra ela nao mexer com aquela aranha quando eles se mudassem – ele tinha adoração pela aranha enorme e peluda!

Na escola da Beatriz tem uma população inteira. No dia que fomos lá pra limpar a escola pra começo das aulas uma mãe colocou um bebê no chão, tinha uma aranha bem feiosa do seu lado, ela viu, e praticamente sorriu para a aranha. Confesso que nesse dia matei umas 50 ou mais... mas também perdi meu medo.

Aqui em casa tem bastante. É só olhar pra cima, e eu já vejo umas trinta! Eu não me incomodo com elas, até porque elas não fazem nada. Já matei umas três, mas só porque elas estavam enlouquecidas, e correram pra cima de mim. Um dia vimos uma teia de aranha aqui no quintal de casa, que era muito linda, enorme e brilhante! Tava chovendo um pouco, e os pingos da água grudarem na sua finíssima trama... e ela parecia estar flutuando no ar, porque não tinha nada por perto pra ela se apoiar. Incrível!!!





As cobras também são amadas. Um dia voltando de carro da escola da Beatriz tinha uma na estrada, machucada; e uma mulher no meio da estrada, tentando salvar a cobra, desviando, bravamente, os carros da coitada. Na Cape Byron Rudolf Steiner School, as mães estavam agitadas com a visita de uma cobra enorme, e isso virou um assunto das crianças. Uma menininha, amiga da Beatriz, falou pra todo mundo que não precisavam se preocupar com a python, porque a mãe dela tinha dito que aquela era uma happy python, e por isso ia ficar ali pelo meio da floresta.




Nós já vimos várias indo e voltando da praia. E quando chegamos, vimos uma enorme num tronco de uma árvore. O Armando até já postou uma foto dela aqui.


Isso tudo sem falar nos perus, morcegos, cangurus e dingos, uma espécie de cachorro selvagem, que ataca os humanos, e destroi rebanhos de ovelhas no Outback. E pra completar, os australianos ainda tem uma enorme população de camelos, perdidos pelo desertos, reproduzindo como coelhos!