Chegamos em Mumbai no amanhecer do dia, debaixo de uma chuva torrencial !
Pisar na India me trouxe uma alegria imensa, um sonho se realizava. Estar aqui tinha sido o embrião que gerou toda essa enorme aventura, que cresceu e se tornou nossa volta ao mundo !
Eu já estava preparada pra ver muitas coisas difíceis de entender, de encontrar muito caos, muita sujeira e muitas cores. A India é um universo à parte, diferente de tudo que se possa imaginar...
O aeroporto não se distancia dessa realidade, lotado de gente ( como todos os lugares na India ), desorganizado, sujo, velho. E a chuva não passava... até passar pela imigração, pegar as malas, passar por uma fila enorme a confusa pra entregar um papel pra um indiano no portão de saída e conseguir um táxi, se passaram quase duas horas lá dentro. E quando finalmente saímos, pegar o táxi debaixo daquela chuva foi nossa primeira aventura na India : o táxi era um carro pequeno, muito velho e caindo aos pedaços; herança dos ingleses, com certeza ! O taxista não falava uma palavra em inglês, era um típico indiano com uma enorme barba branca. E lá fomos nós, rezando pra chegar, tomando água na cara a cada 5 minutos, porque se fechassemos a janela, os vidros embaçavam. E a, no máximo, 40 km por hora ! Demoramos mais uma hora pra chegar ao hotel, e quando conseguimos, fomos tentar dormir um pouco, as seis da manhã.
O hotel era legal, bem localizado, e quando a chuva deu uma trégua, saimos pra dar uma voltinha... fomos numa livraria, e compramos um guia da India.
Esse é o único trecho da nossa viagem que não foi planejado pelo Armando. Como conhecer a India era uma vontade minha, ele deixou isso nas minhas mãos. E como eu não consigo organizar nada com antecedência, e adoro coisas inesperadas, nada ficou decidido. O guia é enorme, a India, maior ainda.
Depois fomos comer num restaurante de comida indiana, e pedimos Thali : um prato bem tradicional na India, que vem com um pouquinho de cada coisa nuns potinhos de metal. E naan, pão redondo e achatado feito no Tandoor. A Bia ficou na sopinha...
Voltamos pro hotel e a chuva voltou com tudo. Junho é o começo das Monções, e nós já estavamos preparados pra pegar muita chuva ! Quando ela deu a segunda trégua do final do dia, saímos pra dar outra voltinha, e passear pelo calçadão da Marine Drive, cenário de muitos filmes bollywoodianos, e na minha opinião, muito parecido com a orla de Havana em Cuba. Parece que todos os indianos terminam seu dia por aqui... tinha grupos de jovens, famílias, e solitários, observando as águas calmas que envolvem Mumbai. Seguimos caminhando até a região , passando por antigos prédios ingleses, como a High Court e a University of Mumbai, e chegando em Colaba. Nesse dia estava tendo greve dos taxistas, e Mumbai estava um pouco mais caótica, como se isso fosse possível... voltamos pro hotel depois de uma passadinha pelo Mac Donalds ( é o único lugar pra Bia conseguir comer algo não picante ! ), que serve hamburgues vegs.
E a chuva recomeçou com força total enquanto experimentavamos o panipuri, de um indiano muito simpático que tinha uma barraquinha na frente de uma espécie de padaria onde passamos pra comprar água.
Acordamos debaixo de chuva, e lá se foi mais um dia caótico em Mumbai... pegamos um motorista pra ficar com a gente o dia inteiro, e nós mostrar um pouco da cidade. Andamos muito pelas avenidas conturbadas e entupidas de carros, atravessamos bairros com pessoas andando pra cima e pra baixo, como um verdadeiro formigueiro humano : assim é Mumbai, uma selva de pedra com muita gente, onde as famílias vivem dentro de um cômodo, onde comem, dormem e convivem 24 horas por dia ! Fomos a um enorme templo hindu, à praia ( onde os indianos se divertem, mesmo no frio, entrando na água de roupa ), almoçamos num típico restaurante indiano para indianos, onde tudo é servido na folha de bananeira, e se come só com as mãos. Atravessamos pela nova ponte de Mumbai no comecinho da noite, com os ouvidos zunindo, ainda se acostumando com a barulheira da India !
Em nossa terceiro dia em Mumbai iniciamos o dia com um café da manhã numa pastisseria que fica em frente ao nosso hotel, e depois seguimos andando debaixo da chuva que não abandonava a cidade, até a estação ferroviária Victoria, de desenho arquitetônico opulento e apinhada de indianos indo e vindo, e indianas coloridas em seus saris.
Seguimos andando até o famoso Hotel Taj Mahal, onde ocorreu o famoso atentado em 2008 no qual terroristas invadiram o hotel e mataram várias pessoas, que fica em frente ao India Gate, uma entrada do mar para a chegada a India dos grandes barcos que comercializavam especiarias pelo mundo no passado.
No caminho muitas vacas soltas pelas ruas, cruzando na frente dos carros e reinando absulotas sem ninguém pra pertuba-las.
Almoçamos no famoso Leopold Cafe, bar restaurante tradicional e antigo, famosos como ponto de reunião de goondas retratado na novela Shantaram, conhecido pela multidão de turistas que chegam a India todos os anos. Voltamos pro hotel pra assistir ao chato jogo Brasil X Portugal, onde ninguém marcou um golzinho sequer...
E assim Mumbai passou por mim como uma chuvarada fria pra se preparar pra tudo que ainda viria pela frente : muito calor, muitas cores, muita luz e muita vida ! Aqui o mar bate forte na terra firme, e o dia a dia parece ser mais pesado pros indianos. É a maior cidade da India, com 19 milhões de pessoas, onde os contrastes são berrantes, e tudo pode acontecer. Acordamos ainda no escuro, e vimos mais um dia nascer na nossa porta de entrada para o misterioso mundo indiano, na ida para o aeroporto onde pegamos o avião direto pra Kathmandu, no Nepal. Beatriz estava com seu belo sari rosa, e fez sucesso entre as funcionárias da companhia aérea.
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