“Love is higher than opinion. If people love one another the most varied opinions can be reconciled – this is one of the most important tasks for humankind today and in the future is that we should learn to live together and understand one another. If this human fellowship is not achieved, all talk of development is empty.” Rudolf Steiner
A Cape Byron é uma escola que segue a pedagogia Waldorf aqui em Byron que aceitou a Beatriz como aluna do Kindergarden. Quando resolvemos que viriamos para a Austrália, começamos a procurar uma escola, e entramos em contato com algumas, mas a única que deu certo foi a Cape Byron, um dos motivos determinantes pra nossa vinda a Byron Bay. A escola é grande, e vai até o último ano. Parece muito a Rudolf Steiner de Sao Paulo, e fica a 8 km da cidade, bem no meio do mato ! O Kinder tem duas salas, e resolveram que seria melhor pra Beatriz ficar na sala da Jena, que tem menos criancas que a outra, porém, menores que ela, pra darem mais atenção a ela. A professora nunca tinha recebido uma crianca de outro país, e apesar de não ter falado nada, dava pra ver em seu rosto sua apreensão por receber uma crianca que não falava nada em inglês.
Um sábado antes das aulas começarem fomos na escola pra limpar e organizar as salas : RC&M working bee. O trabalho foi árduo ! Tava tudo bem sujo, cheio de aranhas por todos os lados, como eu já contei... Aqui não tem folga pra ninguém, e também não tem empregados, os pais tem que pôr a mão na massa mesmo, lavar e organizar tudo. Nesse dia a Beatriz encantou a Jena, se sentindo muito a vontade em colocar tudo no seu devido lugar na sala, arrumando cuidadosamente as bonecas, e brincando em um universo no qual ela se sente completamente a vontade, mesmo sem entender uma palavra do que estavam falando ao seu redor. O mundo Waldorf é assim, em qualquer lugar do mundo se fala uma linguagem de imagens e sentidos !
As aulas do primeiro termo começaram dia 28 de janeiro, e terminaram dia 01 de abril, dia do aniversário da Beatriz, com o Autumn Festival, uma linda festa, onde ela cantou todas as cancões em um inglês perfeito ! Mas isso não aconteceu de um dia para o outro, ela demorou quase dois meses pra começar a se comunicar em inglês na escola. Isso não a impediu de aproveitar cada segundo na Cape Byron, e fazer muitos amigos lá, um deles o Ryder, que dava carona pra ela todo dia de manhã; e a Chiara, uma garotinha muito esperta e inteligente, que tem uma galinha em sua casa, e que deu pra Beatriz um presente inusitado quando ela foi brincar lá : um ovo !
Outra grande conquista foi ela voltar sozinha no ônibus da escola ! Fizeram uma carteirinha de estudante pra ela, que chegava toda orgulhosa com as outras crianças e alguns “adolescentes”, como ela mesmo fazia questão de dizer. Isso só foi possível porque estavámos em Byron, porque em Sydney os pais levam e buscam as crianças na escola de carro.
Como pais participamos de todos os eventos e reuniões da escola, e conhecemos muitas famílias . As crianças aqui na Austrália são criadas única e exclusivamente pelos pais. Nany só em dias de festa, e olhe lá... bem diferente do Brasil, as crianças aqui são bem menos manhosas e consumistas. Nos playgrounds, elas caem, se machucam, levantam sozinhas e continuam a brincar. No Brasil isso seria motivo para um escândalo, e pra pai sair correndo pra acudir, ou dar bronca na babá. Aqui eles obedecem, porque senão ficam sem sobremesa por um mês, e nenhum pai fica se sentindo culpado.
Em um sábado fomos a escola para o Maintenance Day. Não sabiamos exatamente o que tinhamos que fazer, só que tinhamos que chegar as nove e ir embora três da tarde, e que teriamos um lanche, em troca de gold coins donation. Quando chegamos lá tinha uma lista enorme na parede, com várias tarefas a serem cumpridas... muita coisa lá era incompreensivel, e escolhemos o que parecia mais simples : pintar parede. Só depois descobrimos que a parede não era apenas uma, mas sim um anfiteatro inteiro, que só pra variar estava cheio de aranhas por todos os lados ! Fizemos um trabalho bem legal, e deixamos nossa contribuição pra escola.
Aqui na Austrália eles dividem o ano letivo em 4 termos, com intervalos de férias de 3 semanas. No final do primeiro termo nos falaram que a Beatriz não voltaria pra escola, porque ia entrar outra criança no lugar dela. Depois dos primeiros dias de férias recebemos um telefonema da escola, dizendo que ela podia voltar às aulas, e nós ficamos muito felizes, porque ela ainda teria um mês lá. O Festiva de Outono marcou o último dia de aula e foi bem no dia do aniversário d Bi, 01 de abril.
Agora mesmo, faltando dois dias pra nossa partida, o Armando está em uma reunião da escola. A Julie, mãe do Ryder e do pequeno Jack, que ficaram aqui com a Beatriz, disse que estava surpresa por ainda estarmos participando da reunião, sendo que logo não estariamos mais aqui. O Armando disse a ela que queriamos escutar da professora um pouco sobre esse tempo da Beatriz na escola, e que além disso, sempre queremos ouvir mais sobre a pedagogia.
Vai ficar marcado pra sempre na memória a festa de aniversário da Beatriz na escola, onde a Jena e a Elisabeth contaram uma linda estória sobre seu nascimento, e tudo que aconteceu até agora em sua vida. Todos seus amigos desejaram um pedido a ela, e lhe deram uma linda pedrinha colorida. E, um por um, lhe abraçaram apertado, como disse a Jena, um abraço bem brasileiro, cheio de carinho e amor, como as crianças sabem fazer muito bem !