quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bye Bye Byron Bay


Byron Bay é um lugar perfeito num mundo caótico. Parece até de mentira, e quem chega até lá tem a impressão que por algum motivo Deus caprichou um pouco mais por essas bandas. É o tipo de lugar que vc vai pra passar "uns dias e fica três anos" como falou o pai da Chiara.





Em Byron a liberdade é palavra chave pra se viver e fazer o que bem entender. Todo mundo anda descalço pelas ruas, as mulheres fazem top less, e os jovens dançam em cima da mesa.

Famosa pelos backpackers, todo australiano conheçe Byron. Eles chegam em qualquer época do ano, e são a cara do lugar. Famosa pelas ondas, todos os surfistas sonham com Byron.

Lugar em que se vê baleias, onde se nada com os golfinhos, onde tem feira orgânica toda quinta, passeio de bicicleta com ciclistas pelados, mercado no último domingo do mês, pessoas que dizem bom dia na rua e sorriem pra qualquer um, barbecure de graça toda sexta na praça.




Lugar impossível de se esquecer, de transformar sonhos em realidade, de fazer amigos verdadeiros, de ver o sol nascer na lighthouse, e a lua cheia amarela aparecer no mar. De sonhar com um futuro melhor, de fazer picnic no gramado olhando o mar e vendo o sol se pôr em um inesquecível fim de tarde.





Lugar de ver arco-íris no céu, onde um dia existiu um vulcão e o mar é transparente. Onde os passarinhos são coloridos e fazem barulhos estranhos, imitando macacos. Onde tem gente do mundo todo, e ninguém tranca a porta de casa.






Quem conhece Byron sabe do que eu estou falando. Quem não conhece devia conhecer... faz bem pra alma, traz esperança, e nos ensina a sonhar com um mundo melhor.

E, segundo um amigo, cuidado com o que você deseja e pensa nesse lugar mágico, porque vai acontecer ! Eu desejo voltar...

Até logo Byron, Namastê !!!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Cape Byron Rudolf Steiner School


“Love is higher than opinion. If people love one another the most varied opinions can be reconciled – this is one of the most important tasks for humankind today and in the future is that we should learn to live together and understand one another. If this human fellowship is not achieved, all talk of development is empty.” Rudolf Steiner

A Cape Byron é uma escola que segue a pedagogia Waldorf aqui em Byron que aceitou a Beatriz como aluna do Kindergarden. Quando resolvemos que viriamos para a Austrália, começamos a procurar uma escola, e entramos em contato com algumas, mas a única que deu certo foi a Cape Byron, um dos motivos determinantes pra nossa vinda a Byron Bay. A escola é grande, e vai até o último ano. Parece muito a Rudolf Steiner de Sao Paulo, e fica a 8 km da cidade, bem no meio do mato ! O Kinder tem duas salas, e resolveram que seria melhor pra Beatriz ficar na sala da Jena, que tem menos criancas que a outra, porém, menores que ela, pra darem mais atenção a ela. A professora nunca tinha recebido uma crianca de outro país, e apesar de não ter falado nada, dava pra ver em seu rosto sua apreensão por receber uma crianca que não falava nada em inglês.

Um sábado antes das aulas começarem fomos na escola pra limpar e organizar as salas : RC&M working bee. O trabalho foi árduo ! Tava tudo bem sujo, cheio de aranhas por todos os lados, como eu já contei... Aqui não tem folga pra ninguém, e também não tem empregados, os pais tem que pôr a mão na massa mesmo, lavar e organizar tudo. Nesse dia a Beatriz encantou a Jena, se sentindo muito a vontade em colocar tudo no seu devido lugar na sala, arrumando cuidadosamente as bonecas, e brincando em um universo no qual ela se sente completamente a vontade, mesmo sem entender uma palavra do que estavam falando ao seu redor. O mundo Waldorf é assim, em qualquer lugar do mundo se fala uma linguagem de imagens e sentidos !





As aulas do primeiro termo começaram dia 28 de janeiro, e terminaram dia 01 de abril, dia do aniversário da Beatriz, com o Autumn Festival, uma linda festa, onde ela cantou todas as cancões em um inglês perfeito ! Mas isso não aconteceu de um dia para o outro, ela demorou quase dois meses pra começar a se comunicar em inglês na escola. Isso não a impediu de aproveitar cada segundo na Cape Byron, e fazer muitos amigos lá, um deles o Ryder, que dava carona pra ela todo dia de manhã; e a Chiara, uma garotinha muito esperta e inteligente, que tem uma galinha em sua casa, e que deu pra Beatriz um presente inusitado quando ela foi brincar lá : um ovo !


Outra grande conquista foi ela voltar sozinha no ônibus da escola ! Fizeram uma carteirinha de estudante pra ela, que chegava toda orgulhosa com as outras crianças e alguns “adolescentes”, como ela mesmo fazia questão de dizer. Isso só foi possível porque estavámos em Byron, porque em Sydney os pais levam e buscam as crianças na escola de carro.

Como pais participamos de todos os eventos e reuniões da escola, e conhecemos muitas famílias . As crianças aqui na Austrália são criadas única e exclusivamente pelos pais. Nany só em dias de festa, e olhe lá... bem diferente do Brasil, as crianças aqui são bem menos manhosas e consumistas. Nos playgrounds, elas caem, se machucam, levantam sozinhas e continuam a brincar. No Brasil isso seria motivo para um escândalo, e pra pai sair correndo pra acudir, ou dar bronca na babá. Aqui eles obedecem, porque senão ficam sem sobremesa por um mês, e nenhum pai fica se sentindo culpado.

Em um sábado fomos a escola para o Maintenance Day. Não sabiamos exatamente o que tinhamos que fazer, só que tinhamos que chegar as nove e ir embora três da tarde, e que teriamos um lanche, em troca de gold coins donation. Quando chegamos lá tinha uma lista enorme na parede, com várias tarefas a serem cumpridas... muita coisa lá era incompreensivel, e escolhemos o que parecia mais simples : pintar parede. Só depois descobrimos que a parede não era apenas uma, mas sim um anfiteatro inteiro, que só pra variar estava cheio de aranhas por todos os lados ! Fizemos um trabalho bem legal, e deixamos nossa contribuição pra escola.



Aqui na Austrália eles dividem o ano letivo em 4 termos, com intervalos de férias de 3 semanas. No final do primeiro termo nos falaram que a Beatriz não voltaria pra escola, porque ia entrar outra criança no lugar dela. Depois dos primeiros dias de férias recebemos um telefonema da escola, dizendo que ela podia voltar às aulas, e nós ficamos muito felizes, porque ela ainda teria um mês lá. O Festiva de Outono marcou o último dia de aula e foi bem no dia do aniversário d Bi, 01 de abril.



Agora mesmo, faltando dois dias pra nossa partida, o Armando está em uma reunião da escola. A Julie, mãe do Ryder e do pequeno Jack, que ficaram aqui com a Beatriz, disse que estava surpresa por ainda estarmos participando da reunião, sendo que logo não estariamos mais aqui. O Armando disse a ela que queriamos escutar da professora um pouco sobre esse tempo da Beatriz na escola, e que além disso, sempre queremos ouvir mais sobre a pedagogia.


Vai ficar marcado pra sempre na memória a festa de aniversário da Beatriz na escola, onde a Jena e a Elisabeth contaram uma linda estória sobre seu nascimento, e tudo que aconteceu até agora em sua vida. Todos seus amigos desejaram um pedido a ela, e lhe deram uma linda pedrinha colorida. E, um por um, lhe abraçaram apertado, como disse a Jena, um abraço bem brasileiro, cheio de carinho e amor, como as crianças sabem fazer muito bem !




quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pra você que reclama das restrições ao cigarro em São Paulo...

Todos nós deveríamos admitir, gostando ou não, que o agente público está agindo no interesse do bem comum ao tratar o tabagismo como um problema de saúde pública e como tal adotar crescentes restrições. Vamos ao caso da Austrália.

Além das proibições já óbvias (não se pode fumar em estações de trem, aeroportos, escritórios, bares, restaurantes, boates...) na Austrália também é proibido fumar dentro do seu próprio quarto de hotel (pouquíssimos ainda oferecem quartos de fumantes) e em carros alugados sob pena de pagar uma expressiva cleaning fee. As áreas de fumantes em aeroportos estão localizadas há no mínimo 200 metros da saída dos terminais. O preço médio do maço de cigarro é de AUD 14,50 (algo como R$ 25,00) e estes são vendidos em áreas restritas dos estabelecimentos comerciais, sem letreiros ou exposição ostensiva do produto. As embalagens também trazem fotos das piores consequências do hábito de fumar, com as mensagens de praxe. A indústria é obrigada a financiar as campanhas públicas contra o cigarro além de um serviço gratuito de apoio a quem quer largar o vício. É pouco?

Então tem mais: o governo acaba de propor um aumento de 25% no preço médio do maço, o que significa que o mais barato passará a custar o equivalente a R$ 21,00. Além disso, a partir do próximo ano TODAS as embalagens de cigarro serão iguais: brancas, sem logo, apenas com o nome da marca bem pequeno e as mensagens anti-tabaco destacadas. Questionado se essas medidas não poderiam ser derrubadas na justiça, o Ministro da Saúde assumiu a guerra contra o lobby da indústria tabagista como política de governo e foi taxativo: "eles vão perder mais essa batalha assim como vêm perdendo nos últimos anos todas as outras contra as restrições".

O tabagismo aqui não só faz mal a saúde como também ao bolso. Um casal de professores da Lu parou de fumar porque eles fizeram as contas e estavam gastando AUD 5.000 ao ano com cigarro. E um pai de uma colega da escola da Beatriz que fumava mais de 2 maços por dia gastava, sozinho, mais de AUD 12.000 ao ano (cerca de R$ 20 mil)! E você fumante, se no Brasil fosse assim, o que iria escolher?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

“The lest we forget”

Em 25 de Abril de 1915 tropas australianas e neozolandesas desembarcaram na Turquia durante a I Guerra Mundial para uma tentativa, fracassada, de cruzar o estreito de Dardanelos e estabelecer uma linha de comunicação entre o front Persa e as legiões russas no Cáucaso. Apesar da derrota do Australian and New Zealand Army Corps, o ANZAC Day é o dia dedicado à memória dos soldados mortos nas guerras do século XX. Apesar da data nacional da Austrália ser dia 26.01, o ANZAC é o dia que, segundo os mais antigos, representa a "verdadeira" união nacional, pois foi a primeira vez na História que soldados australianos combateram como uma força nacional unificada. Como dia 25 este ano foi domingo, o feriado foi convenientemente transferido para a segunda-feira 26.04, espertinhos esses australianos, não?!

A Austrália esteve diretamente envolvida nas duas Guerras Mundiais e também nas guerras da Coréia, Vietnam e Indochina. Apenas nos dois conflitos mundiais, algo entre 30% e 40% da população masculina adulta àquele momento foi para a frente de combate, registrando cerca de 260 mil mortes. Submarinos japoneses chegaram a Sydney na II Guerra e as cidades de Darwin e Townsville foram duramente bombardeadas durante a guerra no Pacífico.

Não é a toa que há várias referências a Guerra: aqui em Byron, como em muitas outras cidades da Austrália, o campo de esportes tem um pórtico com o nome dos soldados locais que morreram em combate e a piscina pública chama-se War Memorial Swiming Pool. Outro símbolo dos ex-combatentes são as Returned Services Leagues, espécie de clubes de ex-combatentes onde há restaurante, um pub e, lógico, jogatina: caça-níqueis, corrida de cavalo, de cachorro (pela TV), pôquer... hoje, quinta, por sinal é dia de mesa de pôquer no RSL de Byron: AUD 11,00 a mesa de Texas Holde'm a partir das 18:30h. Atualmente as RSL são frequentadas pelo público em geral, até porque os ex-combatentes já não são muitos. Vivos mesmo só os da reserva, já que o último soldado australiano a combater em uma Guerra Mundial morreu ano passado. Mas mesmo assim é relativamente comum ver idosos em andadores entrando e saindo dos RSL's.

Pra ser sincero, desconfio um pouco de pessoas que exaltam a Guerra... O meu vizinho, não o chato, mas um velinho da casa ao lado, que apara a grama dia sim, dia não, asteou a bandeira da Austrália e passou o fim de semana do ANZAC inteiro tocando marchas militares no último volume. Pelo menos os australianos das novas gerações (e isso inclui qualquer um com menos de 60 anos) agem como pessoas normais no ANZAC Day: surfam, bebem até cair, fazem BBQ, jogam, assistem ao rugby...