sábado, 25 de setembro de 2010

Bali é melhor se você for sem muitas expectativas

Bali foi bastante decepcionante pra mim... segundo minha mãe e seus conselhos de Helga, foi tudo culpa das expectativas! Faz sentido, já que esperei muito pelo momento de conhecer Bali, imaginando um lugar incrível, e vindo do paraíso das águas transparentes de Sipadan.
E depois de uma semana observando Bali, e de ouvir de algumas pessoas dizerem que há 10 anos atrás o lugar era lindo, cheguei a conclusão que marketing turístico é capaz de criar um lugar, e também de destruí-lo!

Chegamos ao enorme aeroporto de Denpasar perto da meia-noite, e antes de passar pela imigração pagamos 25 dólares cada um pelo visto. Já na saída do aeroporto deu pra sentir o clima gerado pela multidão de turistas que vem a Bali pra se divertir, e do assédio da população local em cima deles. Fomos disputados aos berros pelas casas de câmbio e pelos taxistas, padrão que se repetiria por toda a nossa estada em Bali. E o caminho pro hotel também foi bem estranho, não sei bem explicar porque, mas parecia que algo acontecia pelas ruas escuras sem que soubessemos... e na entrada do hotel uma revista interna, no porta-malas, e com um espelho por baixo do carro a procura de bombas me deixou um pouco assustada.
O hotel era bem legal, de frente pra praia, e estava todo enfeitado de bandeirinhas dos países participantes da Copa, que ia começar dois dias depois da nossa chegada.
Acordei com o barulho forte do mar, e da sacada vi as ondas enormes que quebravam na areia. Depois do café olhando o mar, eu e o Armando fomos passear pela praia. Nosso hotel fica em Seminiaky, um lugar mais tranquilo. Na sequência vem Legian, cheio de hotéis pela praia e colado a Kuta, o centrinho mais agitado de Bali. Andamos durante uma hora até Kuta, e o lixo espalhado pelas areias só ia aumentando, e a confusão também... turistas, na grande maioria europeus, tostando ao sol, lambuzados de óleo. Beeeem diferente de tudo que havíamos visto até então. Mesmo na Malaysia, o “primo pobre”, não se vê lixo pelas ruas e não há assédio sobre os turistas como em Bali.
Minha impressão só piorou quando chegamos a Kuta, com uma ruazinha bem estreita passando ao lado da praia, com muitos carros, gente gritando, mais sujeira, e o pior, um Mac Donalds de cara pra areia! Pra mim, que detesto Mac Donalds, foi fatal!
Voltamos pelo mesmo caminho, e a confusão só aumentava. Ao chegar no hotel resolvemos dar uma relaxada na piscina, e beber uma cerveja que ninguém é de ferro.
Três da tarde pegamos o transfer do hotel pra voltar a Kuta, e o caminho que tranquilamente poderia ser feito em 30 minutos durou uma hora e meia! Kuta tem lojinhas, dessas de rua, grudadas umas nas outras, (não) tem calçadas estreitas, esburacadas, e na grande parte do tempo você tem que andar na rua, disputando espaço com carros, motos, cavalos, vacas e outros bichos. E tem muitos bares e baladas. A vida noturna em Bali é agitada. Acho que tem gente que vai lá só pra tomar sol no hotel de dia, fazer massagem à tarde pra curar a ressaca e enlouquecer nos agitos da noite. Tem baladas gigantescas, pra 5 mil pessoas, com piscina dentro, moto voando e tudo que você puder imaginar... e a alta temporada em Bali começa no final do ano, com mais do que o dobro de turistas que estavam aqui agora. Os vendedores são insistentes, agressivos e querem que você compre alguma coisa de qualquer jeito. Só nos lugares mais visitados da Índia, como Agra e Varanasi, experimentaríamos algo parecido. Não dá vontade de comprar nada, apesar de ter umas coisinhas muito legais por lá... ah, e eles colocam o preço lá em cima, é só oferecer a metade que o negócio está feito.
Nosso passeio acabou dentro de um restaurante japonês bem calminho, pra Beatriz comer sua culinária preferida, e a gente ter um pouquinho de paz! Pegamos um táxi e voltamos pro hotel. Foi a primeira e última vez que fomos em Kuta durante uma semana em Bali.
No dia seguinte resolvemos alugar um carro pra ir conhecer a parte sul da Ilha. Mais uma hora e meia pra percorrer um trecho de 20 km. Era sexta, e as motos dominavam as ruas... um verdadeiro caos! Finalmente chegamos a Nusa Dua, no caminho passamos por hotéis caríssimos, mas mais uma decepção pela frente: a praia era completamente imunda, não dava nem pra entrar na água. O lance ali era esportes naúticos: jet-sky, barcos que puxavam pára gliders e bóias voadoras. A Beatriz quis ir no banana boat, e a D. Nazaré fez companhia. Foi radical, segundo elas!

Seguindo pro outro lado, entramos num complexo de hotéis fechados, com um acesso a praia que é vigiado por guardas e dedectores de metal. Um luxo pra compras, comparado a Kuta, e bem mais calmo. Lá a praia era mais limpa, mas não dava pra entrar porque eram  rasos arrecifes entre duas pontas cobertas de vegetação. A bem da verdade, as praias de Bali são bonitas de ver (de longe) e excelentes pros surfistas (nossos meses em Byron se não nos ensinaram a surfar pelo menos nos habilitaram a identificar boas ondas); mas são péssimas pra banho. Quando não tem pedras que cortam tem ondas e correntes fortíssimas

De lá fomos visitar o templo Ulwatu, um dos mais famosos de Bali, fica na beira de um penhasco, o que valeu a visita, pois a vista é íncrivel. Fora isso, outra decepção: tudo imundo, muito, muito sujo! Existem três grandes famílias de macacos que vivem lá, e eles dizem que são eles os responsáveis pela sujeira, mas eu dúvido... os macacos já viviam lá antes de construirem o templo. Eles dizem, logo na entrada, que os macacos são agressivos, e que roubam seu chapéu, seus óculos e sua máquina fotográfica. Mas querem te vender amendoim pra alimentar os macacos. Pra mim é lógico que agora os macacos querem comida, e por isso vivem atrás dos turistas. Não podiamos entrar no templo. Fora isso, o templo é mal cuidado, uma construção com paredes de pedras, e sem cobertura, onde os hindus realizam algumas cerimonias. Um guia nos disse que 100 % de população de Bali é hindu. Eles fazem oferendas por todos os lados, na porta dos templos, das lojas, das casas, na praia... são pequenas cestinhas de palha com comida, flores, dinheiro e sei lá mais o que. O problema é que essas cestinhas vão se acumulando pela cidade, virando mais lixo.

Bem do lado do templo decobrimos um paraíso, oásis para o meu corpo, que já não aguentava mais olhar pra aquele marzão e não conseguir tomar um banho sequer ! A praia era Uluatu, o mar com ondas perfeitas, e uma piscininha estratégica com águas calmas e limpas pra gente se refrescar. Pra chegar lá tinha que descer pelo meio de umas construções apoiadas num paredão, onde o que mais se ouvia era o nosso portuquês. Muitos surfistas brasileiros que chegam por lá só saem pra pegar o avião de volta. Conhecemos a Fernanda e o Kevin, dois brasileirinhos que brincaram muito com a Beatriz, e que moram no Hawai.
Do lado dessa praia tem Padang-Padang, outro paraíso de surfistas brasileiros. E foram as praias mais bonitas que nos vimos em Bali.
Seguindo mais um pouco fomos jantar num programa bem típico de turistas: uma praia tomada por mesas e cadeiras, onde há uns 10 restaurantes colados uns aos outros servem churrasco de frutos do mar feitos na casaca do côco. Dá pra ver o pôr do sol,e todas as mesinhas tem uma vela acessa em cima. Vale a pena, mas se prepare pra sair de lá completamente defumado.
No outro dia continuamos com o carro alugado, e fomos visitar um mercado popular mais afastado da cidade... um caminho complicado, que nos tomou horas pra percorrer alguns poucos quilometros. Muito lixo e confusão pelas ruas. O mercado era dominado pelas quinquilharias de sempre, fora uma ou outra camisa pro Armando não vale tanto a pena assim. O que vale mesmo é que no caminho há as fábricas de ornamentos e artigos de decoração (móveis, portas, estátuas...), prata e ouro. Dá vontade de alugar um  container e comprar tudo! Aproveitando a viagem paramos em Sanur, praia do lado oposto ao que estavamos. Bem agradável, com mais hotéis, porém mais calmo.
No domingo fui passear pela praia, pro lado oposto da grande confusão de hotéis, e andei por quase duas horas, até um templo, que fica praticamente suspenso no ar, muito bonito, e um destino turístico de quem vem a Bali. No caminho passei por vários outros templos, e vi muitos locais curtindo o domingo na praia, crianças no mar, homens pescando. Eles vão pra praia de roupa, e se divertem muito. Entrei no mar e depois tirei um cochilo deitada na areia. O pôr de sol foi lindo, e de noite teve jantar no hotel com danças típicas. Bia e avó adoraram!
Cansados de enfrentar o caos nas ruas, novamente alugamos o carro, mas dessa vez com um motorista, seguindo o conselho de alguns hospedes lá do hotel. É barato (USD 40 por dia com combustível), fácil, e dá pra curtir muito mais. Fomos ver o vulcão desativado, e visitar mais templos. Depois fomos a Ubud, uma cidade conhecida pelo handmarket, e pelo charme de suas ruazinhas agradáveis de caminhar (que eram beeem mais tranquilas há 10 anos..). No caminho passamos por muitas plantações de arroz, e também por plantações de café. Tomamos um exótico café feito do côco de um bicho, que come os grãos de café, e de suas fezes é feito o café. Exótico demais, mas o café até que é bom.


No dia seguinte tinhamos que mudar de hotel, e eu fui dar uma caminhada na praia bem cedinho, antes do café. Tinhamos um desconto pra fazer massagem lá no hotel, e antes de ir embora fomos os quatro relaxar um pouquinho. Começou ai uma  sequência de massagens que venho experimentando, mas isso eu vou falar depois, num post só sobre as massagens aqui da Asia.
Mudamos pra Sanur, do outro lado da ilha, e o caminho foi outro stress naquele trânsito louco! Chegando lá piscina pra Bia que ficou com a avó, enquanto eu e o Armando fomos dar uma voltinha e comer alguma coisa. A estréia do Brasil na Copa foi nessa madrugada, duas e meia da manhã. Confesso que eu não acordei, mas Armando, Bia e D. Nazaré estavam lá, no lobby do hotel, com todos os funcionários de plantão, torcendo pelo Brasil, de verde e amarelo! Jogo tenso, mas pelo menos vencemos a Coréia do Norte...
Em nosso último dia em Bali, fomos até o fim do passeio que começava perto do nosso hotel, e se extendia por uns 4 quilometros. Muito hotéis pelo caminho, algumas lojinhas, alguns pescadores, barcos, e no final, um templo, sujo, só pra variar. 


Na volta fomos no spa do hotel marcar uma sessão pra casal que incluia sauna, jacuzzi quente e gelada, massagem com óleos, exfoliação, banho de imersão em ervas e tratamento capilar. Tudo isso em três horas de puro relax, como nos tempos dos deuses! Saimos de lá muito bem, melhor impossível, e fomos encontrar a Bia e D. Nazaré para nosso jantar de despedida em Bali. Pensando bem, até que essa semaninha em Bali valeu a pena, é só não criar muitas expectativas, e relaxar... que Bali tem seus tesouros escondidos!

Acordamos quatro da manhã pra ir pro aeroporto, a check-in da Air Asia estava lotado, quente, e confuso. E mais uma surpresinha pro final: se for a Bali guarde 150 mil dinheiros pra pagar uma taxa de saída. É isso ai, aqui se paga pra entrar e também pra sair!

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