Melbourne, capital do estado de Victoria, é a segunda maior cidade do país, sede do primeiro Grand Slam de tênis do ano, o Australian Open (que por sinal começou durante a nossa estada lá), dos grandes desafios internacionais de cricket, do GP da Austrália e das Olimpíadas de 1956; abriga também três importantes universidades: University of Melbourne, University of Technology e o Royal Melbourne Institute of Technology (cujo prédio é uma mistura de Gaudi e aquele outro pintor dos polígonos coloridos, de gosto duvidoso).
Talvez isso explique porque a cidade é dominada por asiáticos de todas as origens: coreanos, chineses, vietnamitas, malaios, filipinos e muita gente jovem. Melbourne não é uma cidade grande (pros padrões brasileiros), não tem a fama nem a agitação de Sydney (pros padrões australianos) e tampouco muitas atrações turísticas. Mas é cool e cheia de curiosidades; é aquele tipo de cidade agradável pra caminhar sem rumo e se perder pelas ruas.
Melbourne foi fundada e cresceu rapidamente até a primeira metade do século XIX como consequência da corrida do ouro em Victoria, o que aliado a sua localização geográfica (na "curva" sul da Austrália) e às águas tranquilas da Port Philip Bay transformou a cidade em importante pólo comercial, consolidado posteriormente no ciclo de industrialização do final do século XIX e na período de reconstrução e imigração do pós-guerra. A cidade, como o resto da Austrália, está em obras; reflexo do plano de estímulo pós-crise que lançou obras de infra-estrututra de toda espécie pelo país, além de subsidiar o crédito para a construção civil em geral. O contra ponto é que as obras de infra-estrutura nem sempre são necessárias (como o novo hub de transporte urbano de Melbourne de AUD 110MM) e o preço dos imóveis sobe sem parar (um apto de 2 quartos aqui em Byron custa AUD 700 mil).
A viagem pra Melbourne foi longa (12 horas), o trem é lento mas super-confortável. Ar condicionado, amplo espaço pras bagagens, poltronas reclináveis que fariam a TAM corar de vergonha e um vagão restaurante que aqui eles chamam de bafê. A cada meia hora os microfones anunciavam as opções diponíveis para café da manhã, depois lanche, almoço, mais lanche, jantar... Pra cada refeição primeiro pegávamos um ticket de reserva e uma hora depois eles chamavam pelo microfone para retirar, ou seja, houve aproximadamente 30 anúncios do bafê durante a viagem, foi até engraçado. Chegamos em uma terça-feira, 12/01, às 7 da noite, depois de duas semanas com máximas na casa dos 40C o calor tinha dado um tempo e estava até frio pro verão, aproximadamente 17C. Fomos pro hotel e saímos rápido pra procurar um restaurante, já que não deu pra repetir o almoço no jantar do bafê... Se vier a Austrália algum dia lembre de jantar cedo, os restaurantes, mesmo nas grandes cidades, raramente servem quem chega após 21:30h (às 18h já tem gente pagando a conta!). Demos sorte e conseguimos um coreano aberto (já era quase 21h) perto do hotel e ainda por cima bom, bonito e barato (comemos camarão, lula e salmão por AUD 40 os três). Foi pensamento positivo da Beatriz que queria um japonês ou similar. Mas os coreanos da Aclimação são melhores...
No dia seguinte fomos ao Queen Victoria Market, e... fechado! Se você tem um guia de viagem, e o leva consigo, lembre sempre de consultar os horários de abertura antes de ir. O mercado fecha às segundas e quartas. A vantagem é que abre quarta à noite como um gigantesco fast-food, e como era verão havia também três palcos com música ao vivo, mesas, uma feirinha de artesanato e uma multidão!
Mas já que estava fechado fomos passear pela cidade, começar a descobrir sua arquitetura: prédios Victorianos, Edwardianos, Renascentistas, Clássicos, Neo-clássicos, Contemporâneos e seu variadíssimo comércio.
A cidade é um paraíso das compras, é possível encontrar tudo, de bugingangas a produtos de luxo e toda a sorte de eletrônicos. Há lojas de rua em prédios históricos, lojas de "importados", shoppings tradicionais, pequenas e luxuosas galerias do século XIX que se cruzam em meio aos quarteirões e até uma das maiores lojas de departamento da Austrália, a Myers. Vistamos duas lojas: uma especializadas em Babuskas (as bonecas russas) e outras de casas de bonecas suecas, que vinha até com piscina e luz elétrica de verdade!
Paramos em um restaurante grego pra almoçar e finalizamos o passeio com um chopp na Federation Square que é onde a cidade acontece: cinemas, centro cultural e informações turísticas à beira rio em prédios contemporâneos de gosto mais do que duvidoso... Corremos pro hotel pra trocar de roupa e fomos pro mercado aproveitar a noite, que na verdade era dia já que nessa época do ano há luz até 21h em Melbourne.
Na quinta pela manhã voltamos ao mercado, e dessa vez pudemos nos deliciar com todo o tipo de iguaria do mundo inteiro. Provamos, comemos, compramos e levamos pra casa queijos, azeitonas, frutas (secas e naturais) e pães. Aprendi os nomes em inglês de vááários ingredientes, o que é muito útil para seguir receitas e perguntar pelo que você quer na feira. Nos subterrâneos do mercado visitamos uma loja de peixes ornamentais. Mas que vende também tartarugas, cobras, lagartos, aranhas e até escorpiões! Tudo vivo! E comida de cobra também: ratinhos brancos inteiros congelados!
Depois fomos passear mais pela cidade, à pé. Mas pra quem não gosta de andar (a Beatriz, por exemplo) Melbourne pode ser facilmente percorrida pela sua completa e extensa (240km) rede de bondes sobre trilhos (trams). Eles vão pra todos os lugares, são relativamente baratos (a viagem na área central custa AUD 1,00) e muito charmosos, já que algumas linhas conservam os modelos usados no início do século passado. Lembra até San Francisco!
Acabamos a tarde com um pic-nic no Southbank local, um parque às margens do Yarra River. Depois Beatriz foi pular na cama elástica com cordas e voltamos pro hotel ao anoitecer.
Sexta-feira acordamos sem pressa, Bi e Lu foram a piscina do hotel enquanto fui buscar o carro para começar nossa viagem pelo ineterior de Victoria: Philip Island, Yarra Valley e a Great Ocean Road. Quem acompanha nossa viagem pelo blog já viu alguns posts dessa parte da viagem, pois foi no final da estadia em Melbourne que configurei o celular para posts móveis