segunda-feira, 28 de junho de 2010

New Zealand - parte II

Após o vôo de helicóptero dormimos em Fox Glacier. Pela manhã cedo a Fer e a Camila foram fazer o trekking sobre o glaciar...
... esperamos elas voltarem e antes de seguir viagem rumo ao extremo sul da ilha fomos dar a última espiada no Aoraki/ Mt Cook.

E eu pensava que até aqui havíamos andado por estradas vazias... nos 300 km seguintes passávamos mais de 20km sem cruzar um carro sequer. Em cerca de 300 km passamos por uma cidade (Point Haas) até chegarmos no ponto apoio seguinte: Motueka, cuja população é de 110 habitantes. No verão. Como estávamos no inverno, há no vilarejo 67 residentes. O dia amanheceu enevoado, fazia frio, mas era possível avistar as montanhas que cercam o local, que é o ponto de partida para várias trilhas de 3 a 5 dias de duração que percorrem as montanhas e vales da região.
Aliás, essas trilhas de longa duração (apenas no verão) são uma das maiores atrações da Ilha Sul. Há uma rede de abrigos (Huts), posicionados a 1 dia de caminhada um do outro. A taxa de entrada na trilha dá direito ao uso dos abrigos.
Se cogumelo é símbolo de magia então a NZ é definitivamente um local mágico...

Seguimos viagem para Queenstown com uma parada em Wanaka, uma estação de ski super-charmosa à beira do lago que se preparava para o início da temporada de inverno.
Daí foi descer rumo ao vale de Queenstown, e começar a entender por que é um local privilegiado pela natureza para todo tipo de esporte radical que se possa imaginar...

Resolvemos encarar o Canyon Swing, o maior rope swing do mundo (www.canyonswing.co.nz)!
O salto a partir da plataforma posicionada acima do Canyon tem 63m de queda livre, onde seu corpo atinge 150km/h com 3,5g de força e depois começa a desacelerar lentamente e balançar nos 200m de arco sobre o rio e as rochas afiadas.
Essa aí na cadeira é a Lu, depois de ser amarrada e repreendida 3x pelas vaquinhas mimosas. Créditos das fotografias do Swing pra Beatriz.
No dia seguinte partimos rumo ao ponto mais austral de nossa aventura Kiwi, Te Anau e Manapouri, as margens dos respectivos lago homônimos e acesso para o Milford Sound e Doubtful Sound respectivamente. Conhecemos o segundo. Na NZ chama-se Sound a entrada de mar cercada de montanhas, conhecidas em outros lugares do mundo com Fiords (ex: Chile, Noruega), que serpenteia para dentro do continente.
O Doubtful tem este nome porque quando Capitan Cook navegou por ele pela primeira vez was doubtful to get the way out.  Começamos a viagem atravessando o lago Manapouri que cuja lamina d'água está a 283m anm. O lago tem 444m em seu ponto mais profundo, o que significa que seu fundo está 161m abaixo do nível do mar! Na outra margem do lago chegamos a Manapouri Power Station, a Itaipu Kiwi, responsável por aproximadamente 20% da geração energética da NZ, meros 730MW médios... A usina é interessante por si só, pois foi escavada na rocha 200m abaixo da superfície para gerar a queda d'água a partir do lago. De lá a água é escoada por um túnel de 9km até o Doubtful Sound, ao nível do mar.
Depois de visitarmos a usina descemos por uma estrada de terra para pegar o barco e navegar pelo Sound até o mar aberto e voltar. As imagens, falam por si. Parecia a terra dos Elfos...

Continua...

domingo, 20 de junho de 2010

New Zealand – parte I




Quando o filme saiu no cinema, pouco me interessei pelo Senhor dos Anéis; e também não entendia porque as pessoas, muitas vezes adultos, interessavam-se por aqueles livros tão grossos que levavam para todos os lados. Um colega de consultoria certa vez viajou duarante seis meses pro Chile todas as semanas carregando aqueles livros! Tudo bem, resolvi assistir aos filmes há algumas semanas já que estava prestes a ir para a New Zealand. Peter Jackson fez um trabalho maravilhoso, os filmes são ótimos, um melhor que o outro, e a história, com todos os detalhes e criaturas mágicas é fantástica pra dizer o mínimo.
Mas não se confunda leitor, este post NÃO é uma crítica de cinema. É só pra dizer que em New Zealand, mais precisamente na ilha sul, tem-se a impressão de que Frodo e os Elfos vão cruzar o seu caminho a qualquer momento. Todas, absolutamente todas as paisagens parecem locações do filme. Há até um tour que leva ao lugar exato em que cada cena foi filmada. Altamente recomendável pra quem é fã, já que é muuuito fácil se confundir.






Mas antes de ir pra ilha sul, passamos por Auckland junto com a Fernanda (e a Camila que chegou dois dias depois) que foi conosco da Austrália. Chegamos no sábado e a Raquel, sobrinha do Ferraz, que mora na New Zealand há 5 anos estava nos esperando no aeroporto com o Chris, um chileno muito gente boa (que nem ela!).




Deixamos as malas na casa dela e fomos direto pra uma festa (de brasileiros) na casa de umas amigas deles. É tudo que a Vódega me permite lembrar... No dia seguinte passeamos por Auckland, a maior cidade do país com cerca de 1,5 milhão de habitantes. O lugar é lindo, limpo e organizado como tudo que veríamos depois.




 Chegamos em Christchurch no dia 18/05, terça-feira, e pegamos o nosso motorhome Apollo 6Berth (www.apollo.co.nz), com três camas de casal, ar-condicionado, banheiro com água quente, TV, DVD e cozinha completa. Uma verdadeira casa! 
A sensação é de dirigir um freezer horizontal, daqueles antigos de boteco. Daí seguimos para Kaiakoura, uma cidade na costa leste de onde é possível avistar baleias. O dia seguinte amanheceu chovendo, aliás, choveu a noite toda, e logo partimos para a região de Malborough, mas não sem antes apreciarmos a beleza dos imponentes do Kaikoura Rangers e seus picos cobertos de neve (aqui as neves eternas começam em 2.500 m de altitude). 
No meio do caminho encontramos uma praia repleta de leões marinhos, logo ao lado da estrada, onde eles posavam pras fotos.

Marlborough é a principal região vinícola da New Zealand e talvez uma das maiores do mundo nos varietais Sauvignon blanc e Chardonnay, cujas primeiras cepas foram plantadas por volta de 1934. Bom, não precisa dizer que passamos em várias wineries, degustamos, compramos, falamos... 


Diferente do Yarra Valley, aqui há alguns produtores em larga escala, com colheita mecanizada, voltados para os mercados australiano e asiático. Mas há também competentes artesãos (Allan Scott foi o que mais gostamos) que fazem inclusive experiências interessantes com algumas uvas exôgenes como a Gewürztraminer e a Riesling. Dormimos a noite em Mapura, uma cidade próxima a Nelson, o principal porto da região.

No dia seguinte acordamos cedo pra encarar os 500 km de estrada até Franz Josef and Fox Glaciers. O caminho a princípio contorna as montanhas ao norte e depois segue pelo litoral oeste da ilha sul. É uma região tão linda quanto pouco habitada. Há trechos de até 130km sem um único posto de gasolina. Dirigir na ilha sul é surreal e a própria viagem é uma atração em si. Não falo apenas das paisagens, mas das próprias estradas. São ótimas, muito bem sinalizadas e conservadas. Mas devido à geografia, e também à baixa densidade populacional, elas são de pista simples e muito estreitas. Acostamento é artigo de luxo, ultrapassagens só nas overtaking lanes e as pontes, bem, as pontes são na maioria das vezes as antigas pontes ferroviárias construídas no século XIX, de faixa única, só passa um carro por vez! É precios para, olhar, dar passagem se for o caso e só então seguir na fé. Outras com visibilidade limitada têm um sinal de trânsito. E o impressionanete é que funciona, sem congestionamentos ou acidentes. 

Almoçamos no meio do caminho, à beira da estrada em uma praia linda! Tudo bem que não dava pra tomar banho, mas com o sol do meio-dia pude até ficar de camiseta. Não conseguiria fazer isto novamente pelos dez dias seguintes... 

Chegamos em Franz Josef ao anoitecer e fomos direto para o caravan park, que na Austrália e NZ oferece no mesmo espaço várias opções de pernoite: há tents sites pra camping, powered sites (onde vc literalmente liga o carro na tomada), backpacker, motel (equivalente aos nossos hoteis 3 estrelas), self-contained apartments (a nossa famosa quitinete, com quarto, banheiro e cozinha conjugada) e villas (uma casa completa, com dois ou três quartos). A infra de uso comum ainda conta com excelentes chuveiros com água quente, cozinha e refeitório coletivo.
No dia seguinte acordamos com um dia lindo! O final do glacier que desce da montanha está há apenas 5km da cidade, que por sua vez está há outros 6km em linha reta do mar. 

Há 12.000 anos, no final da última era glacial, a geleira ocupava todo o leito do rio, com pouca água já que era final do outono e chegava até o mar. De 1780 até hoje ela perdeu cerca de 3km. No verão com o derretimento de parte da neve que cai nas montanhas o volume de água aumento consideravelmente.
Como o dia estava lindo e a Beatriz definitivamente não ia encarar a trilha até o glaciar permitimo-nos um luxo: fizemos um vôo de helicóptero. 
Sobrevoamos o Franz Josef...
... subimos ao maciço dos Southern Alpes e encontramos o lado leste da ilha completamente coberto de nuvens... 
... totalmente diferente do lado oeste (de onde decolamos), onde brilhava o sol.
Avistamos o Tansman Glacier (o maior dos cerca de 340 que existem na região com 29 km de extensão e até 600 m de profundidade) que está desaparecendo. Uma das provas é uma lago enorme, onde você navega até chegar ao final do glacier e que não existia nos anos 70!
E aí deparamos com os 3.754m do Aoraki/Mt. Cook, a maior montanha da NZ, que rodeamos...
... para pousar em um vale no meio da neve, onde a Beatriz pode pegar no gelo pela primeira vez na vida. 
Depois descemos sobrevoando o Fox Glacier e voltamos a Franz Josef (os dois vilarejos que levam os nomes dos respectivos glaciers estão separados por apenas 23km). 
Foi a primeira vez que entrei em uma aeronave de asas rotatórias. A Lu e a Beatriz idem. Fiquei besta pelo resto do dia, e pelo seguinte também. Em qualquer buraco da NZ tem uma empresa de vôos panorâmicos. E é o lugar ideal para fazer isto, se tiver a oportunidade não esite, vá! 
Acabamos à tarde na praia, prova que a NZ é um lugar de paisagens variadas, aproveitando pra admirar mais uma vez a imponência do Aoraki/Mt Cook. 
À noite dormimos em Fox, já que a Camila e a Fer fariam a trilha sobre o respectivo glaciar no dia seguinte. Continua...